FESQUA 2024: Problemas na construção refletem a falta de qualificação da mão de obra

 Em sua primeira edição, a Feira da Patologia das Construções (Feipat), que acontece junto com a Fesqua, recebeu a arquiteta Alessandra Gomes Valério, coordenadora técnica da Procryl, para falar sobre tecnologias de prevenção e correção de obras. Ela começou com uma provocação: “Por que em toda obra a gente acaba repetindo os mesmos processos, os mesmos erros?”.

Em seguida, Alessandra mostrou imagens de diversos casos no seu trabalho em que os problemas de construção eram resultado da falta de qualificação dos profissionais. Como exemplo, ela exibiu as fotos de uma piscina de alto padrão em um haras no interior de São Paulo que apresentou problemas de infiltração. Após sua visita, mediante a reclamação do cliente, a arquiteta constatou que o problema não era o produto vendido pela Procryl, e sim a falta de aplicação de uma manta que acompanhava a vedação e a equipe, sem seguir as instruções, deixou de aplicar.

Foram diversos casos de trincas e fissuras em superfícies e lajes que poderiam ter sido evitados por equipes qualificadas. Alessandra ainda apresentou a membrana de polímero acrílico, produto da Procryl, que garante a impermeabilização de frisos e fachadas e reflete os raios solares depois de apenas duas demãos de aplicação.

Lançamentos contribuem com boas práticas do Green Building Brasil

Em um evento como a Fesqua, que reúne um público atuante no mercado da construção civil, o tema sustentabilidade foi apresentado por diferentes segmentos da indústria. Especialmente por que o crescimento das construções verdes no Brasil tem sido significativo nos últimos anos, impulsionado pela crescente conscientização de empresas e governos, além das vantagens econômicas associadas a edifícios mais eficientes.

Durante o evento, diversas empresas trouxeram novidades nesse sentido. Uma delas é a DOWSIL, que trabalha com selantes de silicone para construções e reformas, especialmente para utilização em vidros, metais, madeira e outras superfícies.

Com foco na sustentabilidade, a marca oferece o selante 791, que possui baixa pegada de carbono em comparação, por exemplo, às versões neutras. O produto é indicado para construções verdes, com foco em projetos que buscam certificação.

“Os selantes convencionais do mercado possuem nove vezes mais carbono que o produto 791 da DOWSIL”, afirma Danilo Dias, Gerente de Marketing da marca.

Recentemente, o produto também recebeu uma embalagem ainda mais sustentável. O formato “salsicha” traz quase o dobro de selante em comparação aos cartuchos tradicionais, proporcionando maior autonomia na aplicação, diminuindo a necessidade de reposições e garantindo maior aproveitamento do produto por embalagem, reduzindo o desperdício.

“Minimiza significativamente o volume de resíduos e contribui para a sustentabilidade do produto durante a fase de execução, adicionando pontos para certificações ambientais. Além disso, está disponível em 11 cores, mas também podemos produzir cores customizadas”, explica Dias.

Com o mesmo foco em sustentabilidade, a Ezy Color trouxe para a Fesqua um sistema de revestimento que imita o visual de madeira, substituindo o famoso painel ripado, no entanto, todo feito em alumínio.

“Usamos muito o alumínio porque é versátil, reciclável, além de ser um material leve e de baixa manutenção. Nosso objetivo também é substituir a madeira, ajudando a evitar o desmatamento. Com o sistema Skin, podemos aplicar esse revestimento em áreas externas e internas. Ele parece madeira, mas é de alumínio. Além disso, estamos cadastrados no Green Building Council Brasil, o que facilita o trabalho de empresas e profissionais que buscam produtos que contribuam para a construção sustentável”, conta Jordana de Toledo, do Suporte Técnico da Ezy Color.

O selo Green Building Brasil, também conhecido como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), é uma certificação internacional concedida a edifícios e construções que seguem padrões rigorosos de sustentabilidade. No Brasil, ele é promovido pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), uma organização que visa incentivar práticas de construção sustentável.

Seminário destaca importância dos vidros para melhorar conforto das construções

Na abertura da 17ª edição do Vidrosom (Seminário Soluções Acústicas em Vidro), evento que aconteceu simultaneamente com a Fesqua, o engenheiro Fernando Westphal, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), falou sobre a utilização dos vidros de controle solar e seu papel para eficiência energética dos edifícios, destacando que cada tipo de fachada terá uma exigência diferente.

“O vidro de controle solar reduz o ganho de calor, funcionando como um filtro. Diferentes comprimentos de onda são filtrados, para que a luz passe e o calor não, mas a iluminação, inevitavelmente, ainda vai aquecer o ambiente. O controle da insolação direta, a penetração do sol no ambiente, também é importante”, disse.

Um dos auxílios mais comuns para essa diminuição é a adoção de cortinas, que mantêm o calor próximo ao vidro, fazendo com que ele fique mais fácil de ser re-emitido para o exterior e evitando a incidência de sol ao longo do ambiente. “As persianas ajudam a eliminar as horas de desconforto”, avaliou.

Westphal ainda analisou o uso do vidro insulado, que serve como um isolante térmico, e do vidro low-e. “O low-e funciona muito bem em ambientes de temperatura menor, pois tem maior eficiência. Mas ele também funciona no calor, pois basta convertê-lo. Ou seja, ele atende os dois extremos”, ponderou.

Sustentabilidade em fachadas

Na sequência, o engenheiro Fabrício Lucchesi, sócio da HYGGE ENGENHARIA, trouxe soluções para que as fachadas conservem energia e mantenham o conforto térmico. O especialista acredita que o mercado busca, cada vez mais, o bem-estar, mas que ainda há muitas dificuldades para investir nisso.

“As edificações precisam estar protegidas contra as pontes térmicas, especialmente em climas mais extremos, pois geram problemas como mofo e bolor. Conseguimos otimizar o gasto de energia analisando o gasto térmico e energético das edificações com análises do projeto, se possível, ou em simulações energéticas se ele já estiver finalizado”, apontou.

Benefícios do vidro insulado

Também conhecido como vidro duplo, o vidro insulado contribui para criação de espaços mais confortáveis e esteticamente agradáveis, atendendo às construções eficientes e sustentáveis, segundo a engenheira Danila Ferrari, do Cebrace.

“A primeira selagem evita a troca gasosa e, a segunda, garante a estabilidade do conjunto. Ele pode ser utilizado em residências, ambientes corporativos, comerciais, industriais e até em hospitais e clínicas, onde vemos muito hoje em dia”, comenta.

A especialista apresentou como sua utilização garante uma grande eficiência energética, pois faz com que a temperatura interna fique até cinco vezes mais isolada, diminui a entrada de calor em até 30% e reduz a emissão de carbono, uma demanda crescente da construção civil.

“Toda grande mudança começa com um novo jeito de pensar e inovar está no nosso DNA. Sabemos que o vidro insulado vale a pena. A qualidade de vida de quem está no ambiente melhora, já que ele tem uma temperatura interna mais agradável e confortável. O vidro ainda atende a questão da sustentabilidade, pois é reciclável infinitamente e um bem muito durável”, destaca.

Isolamento acústico e todas as suas facetas

Dando continuidade à programação do Seminário Soluções Acústicas em Vidro, a engenheira Michele Gleice, embaixadora do Instituto Tecnológico da Construção Civil (ITEC Lab) apresentou um painel esmiuçando e comparando diferentes normas técnicas da ABNT aplicadas a vedação acústica de fachadas.

A engenheira civil elogiou a ABNT 15575-4, lançada em 2013, que corrige e integra em uma só diversas outras normas para vedação de fachadas. A norma está dividida em 6 partes e 12 exigências, incluindo segurança estrutural, estanqueidade de água e vedação de esquadrias e fachadas.

Ela ainda falou sobre a ABNT NBR 6123, de 1988, que foi atualizada em 2023 e nela está inserido o fator estatístico S3, que calcula a probabilidade de aumento da velocidade do vento ao longo de 50 anos. Michele encerrou sua palestra explicando como as revisões nas normas irão favorecer o setor a partir de métodos e materiais inovadores, mais eficientes e, principalmente, mais seguros. “Que nós possamos promover a segurança e a qualidade dos nossos serviços sem colocar a segurança técnica em risco. A gente pode e deve melhorar sem depender de tragédia”, concluiu a engenheira.

Em seguida, Hugo Martinez, da Universidade do Som, e Edison Claro de Moraes, da Proacústica, se intercalaram nas apresentações sobre o tema acústica. Hugo comparou as vantagens e o desempenho acústico de vidros laminados de 12 milímetros e de 20 milímetros. Ele discorreu sobre a ABNT NBR 10821-4, com requisitos para o desempenho de esquadrias externas. Ao falar sobre requisitos de segurança em esquadrias, o técnico de acústica foi categórico: “o serralheiro precisa estar sempre acompanhado de um sistemista”, explicou.

Com 30 anos de experiência, Edison Claro de Moraes fez um panorama de normas e soluções acústicas que encontrou em suas viagens para Japão, China, Índia e França, sendo que neste se hospedou em um hotel com janela dupla, o que lhe pareceu uma solução ultrapassada. “Com o tempo, a tendência é o fim dos pneus e do asfalto, e a construção de fachadas com recuo, como o edifício Copan”, exemplificou Moraes.

Usando fotos e gráficos, o presidente da Proacústica demonstrou como a partir de recursos para dissipação do som, como guarda-corpo, vidros inclinado e absorvedores de som sobre as janelas, é possível diminuir os ruídos em 70% e ainda aproveitar a luz natural da janela acústica.

Antes de encerrar sua fala, Moraes exibiu em primeira-mão o vídeo chamando para a versão brasileira do Inter-Noise – Congresso Internacional e Exposição de Engenharia de Controle de Ruído, que chegou a sua 52ª edição em China, no Japão, e fará sua estreia em São Paulo, no World Trade Center, em 2025.

Para fechar a manhã, as coordenadoras da EE Oswaldo Cruz acompanharam os quatro finalistas do concurso “A poluição sonora em minha vida”, no qual alunos da rede pública representaram em mais de 300 desenhos, como o barulho nas grandes cidades pode afetar suas vidas. Todos os finalistas se sagraram vencedores e puderam levar um notebook de presente cada. Foram elas: Gabriela (3ª série), Mariana (4ª série), Giovana Maria (5ª série) e Rayane (5ª série). Os prêmios foram oferecidos pelas empresas parceiras Somfy, BKO e Universidade do Som. 

Serviço:

Fesqua 2024 | Feira Internacional da Indústria de Esquadrias

Data: 11 a 14 de setembro de 2024

Horário: 4ª a 6ª – 13h às 20h | Sábado – 11h às 18h

Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center

Endereço: Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo – SP

Transporte gratuito: O evento disponibiliza vans próximas à Estação Jabaquara, 1 hora antes até 1 hora depois do funcionamento da feira.

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