ESG distante nas empresas: consumidor exige, mas empresas derrapam para implantar governança

Segundo especialista, muitas ações anunciadas são superficiais e não resultam em uma cultura de conformidade e compliance

Janeiro, 2024 – Pesquisas recentes apontam uma preocupação cada vez maior do consumidor brasileiro com questões ambientais, sociais e de governança (ESG). Segundo o Índice do Setor de Sustentabilidade 2023 da Kantar, 56% dos entrevistados deixaram de consumir produtos de uma marca que não investe em sustentabilidade ou que adote práticas nocivas ao meio ambiente e à sociedade.

Advogada Maria Heloísa Chiaverini de Melo, especialista em Compliance, Governança e Direito Digital

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou que os brasileiros desconfiam da divulgação de ações de ESG pelas empresas. “As ações em ESG norteiam investimentos e definem preferências de consumo, então as empresas passaram a dar publicidade a medidas que, muitas vezes, não se encaixam no conceito ESG. É um engano pensar que o público não enxerga o chamado greenwashing, uma espécie de propaganda enganosa de companhias que se dizem sustentáveis, mas não são”, comenta Marcelo Pereira, diretor comercial e marketing da BrevenLaw, startup de compliance jurídico que auxilia as empresas na construção e gestão de governança.

advogada Maria Heloísa Chiaverini de Melo, mestre em Ciências Sociais, especialista em Compliance, Governança e Direito Digital, explica que, quando o assunto é governança, muita gente faz só a ponta do iceberg, como documentos de políticas de privacidade, de brindes ou contra assédio, e dão um treinamento esporádico para colaborador. “É preciso um trabalho contínuo de treinamentos, de aperfeiçoamento das normas e, sobretudo, é necessário engajamento dos líderes para criar, efetivamente, uma cultura de conformidade nas empresas. Isso vai muito além de estabelecer cotas de vagas para PCD ou fazer gestão de resíduos, por exemplo”.

Identificação de riscos
Maria Heloísa explica que, para ter uma governança efetiva, as empresas precisam gerenciar riscos não só para os funcionários, mas também para fornecedores, parceiros e prestadores de serviço. “O problema é que, geralmente, é feito um documento geral para todos assinarem, sem considerar as especificidades de cada atividade, e não há uma fiscalização efetiva que comprove que os parceiros estão cumprindo a legislação, que estão em dia com a Lei Geral de Proteção de Dados e com as políticas de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, por exemplo”.

Envolvimento dos líderes
A especialista destaca que a falta de engajamento pela alta direção das empresas é um dos graves problemas de governança. “Uma empresa só terá uma cultura sólida se a direção estiver envolvida e se ela engajar os colaboradores no processo. Por isso os treinamentos frequentes e as atualizações constantes são indispensáveis à governança”, completa

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