Vendas de aço na construção civil no Brasil é destaque em 2023:Importação da China ainda é a grande “dor de cabeça” para o setor do aço.

Por severian Rocha

Durante dois dias de novembro, – 08 e 09- , São Paulo recebeu o maior evento da Indústria do Aço da América Latina o ALACERO SUMMIT 2023, promovido pela ALACERO(Associação Latino-Americana de Aço), entidade que engloba mais de 60 empresas produtoras de aço na região latino americano.

Discussões diversas sobre segurança do trabalho, sustentabilidade, transição energética, diversidade e inclusão de gênero, tecnologia, cenário político e, claro, negócios para o setor que engloba uma vasta cadeia produtiva comercial, como: construção, automotivo, linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar) foram pautas debatidas no evento. O gigantismo do setor é tão enorme que hoje são mais de 1 milhão de trabalhadores empregados.

Presidido pelo CEO e Presidente da GERDAU, Gustavo Werneck,  o ALACERO Summit 2023 também trouxe para um público composto por executivos, diretores, profissionais e técnicos os atuais cenários econômicos e políticos é  expectativas futuras para aço na América Latina nos próximos anos.

A reindustrialização nos países latinos americanos além dos esforços para se alavancar novamente a indústria brasileira, já que o setor industrial nacional responde por 40% dos impostos pagos, 25% das receitas previdenciárias e de 70% das contribuição das exportações industriais foi tema importante  no encontro.

Aço da CHINA: Dumping comercial

Ásia sempre chama atenção. em especial à China pela sua capacidade de “inundar” o mercado internacional com mais de 100 milhões de toneladas de aço, utilizando práticas comerciais desfavoráveis quando relacionado aos concorrentes latinos- americanos. Para Gustavo Werneck, em fala durante o encontro ALACERO SUMMIT 2023, :

“Importações desleais da Ásia e China tem aparecido e surgido cada vez mais na América Latina. No Brasil produtos,- em especial da China- chegam com preços menores do que o custo, práticas comprovadamente desleais, onde não se considera o custo do dinheiro. Algo que não é preocupante para os chineses diferente de nós, que é muito relevante”.  Ainda o presidente da ALACERO chama atenção para a capacidade de produção de aço do país asiático: ” Neste ano à China vai produzir mais de 100 milhões de toneladas de aço, duas vezes maior do que a nossa capacidade instalada de produção de aço que é de 50 milhões de toneladas. A China hoje é o país que mais se implementa medidas de proteção comercial e de certa forma a América Latina continua aberta. Em setembro, nós tivemos o incrível 23% de importação de aço, Chile importou 45% é, o México 40% de penetração do aço chinês; isso levou o México a cobrar uma taxa de 25% de importação para se combater essas importações desleais”.

Consumo aparente por setores
O setor da construção segue à frente dos segmentos que mais consumiram aço ao longo de 2023, com 48,5%; seguido pelo automotivo com 17,5%; produtos de metal com 14,5%; máquinas mecânicas com 13,3%; equipamentos eletrônicos com 2,9%; uso doméstico com 2,5% e outros transportes com 0,9%. Marco Polo, presidente do Instituto Aço Brasil afirmou durante coletiva de imprensa do evento: ” Em relação ao consumo específico de produtos para construção no Brasil, não temos tido problemas. O Consumo de vergalhões e outras estruturas de aço está bem forte”.

Potencial de criação de empregos

O evento Alacero Summit também destacou como a promoção da indústria impacta o desenvolvimento econômico dos países. O setor siderúrgico na América Latina é um importante motor de criação de empregos, agregando 1,4 milhão de funcionários em 2022: 230 mil diretos e 1,15 milhão indiretos. Ou seja, para cada emprego na indústria, são criados outros 5 na cadeia de valor. Por isso, os executivos salientam que, para que o mercado continue e prospere com o seu potencial de criação de oportunidades, é cada vez mais essencial tomar medidas contra o domínio chinês e a favor da valorização da produção e dos empregos locais.

Vendas de Aço na América Latina

A Alacero estima que, ao longo de 2023, o consumo de laminados aumentará 2,4% em relação ao ano anterior, atingindo 71Mt, enquanto a produção local registrará uma queda de 7,5%, totalizando 58Mt. O aumento do consumo será impulsionado pelo crescimento da participação das importações extra-regionais, que em 2022 representou 31% (21,2 Mt) e deverá ser de 34% (24,3 Mt) em 2023, registrando um crescimento de três pontos percentuais. Em relação a 2022, o volume de exportações apresentará uma redução de 2,6 Mt, registrando 7,9 Mt, enquanto o volume de importações aumentará 2,1 Mt, totalizando 26,5 Mt. Os números mostram que ainda há forte atividade extrarregional na cadeia. De 2015 a 2023, 88% do aço consumido na América Latina veio de importações extra-regionais, devido a assimetrias competitivas que impactam a oferta local.

Nesse sentido, durante o Alacero Summit 2023, foi destacado um risco iminente em relação ao comércio desleal proveniente do mercado chinês: atualmente, a China continua a ser a principal origem do aço extra-regional importado, representando 29%. Isso se reflete no número de ações antidumping abertas na LATAM ao longo do primeiro semestre de 2023: 63% são dirigidas contra a China.

“Na América Latina, produzimos aço com uma pegada de carbono 15% inferior à média global e 30% inferior à da China. Porém, hoje, boa parte do aço consumido na região vem direta e indiretamente do país, em condições que não são de mercado justo, substituindo empregos de qualidade e afetando o meio ambiente”, reforça Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.

Fonte: ALACERO SUMMIT 2023

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