Na COP 27, organizações defendem uma agenda integrada para a Amazônia voltada ao bem-estar das populações

O Brasil tem todas as credenciais para reassumir a liderança na agenda climática mundial. Essa é uma das conclusões de um painel liderado por organizações da sociedade civil brasileiras na terça, dia 15/11, no espaço oficial da Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC), na COP 27, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito.

“O país precisa retornar como protagonista nessa agenda. Se não for assim, nada do que discutimos aqui nas sessões e painéis da COP faz sentido. Nada será conquistado”, afirmou Andreas Dahl Jørgensen, diretor da Norway’s International Climate & Forest Initiative (NICFI). Criada pelo governo norueguês em 2008, a iniciativa investe na recuperação de florestas tropicais ao redor do mundo e na qualidade de vida de suas populações.

Para que isso aconteça, o Brasil tem de enfrentar o sério problema do desmatamento, principal fonte das emissões de gases de efeito estufa do país. A conservação da Amazônia é, por esse motivo, importante parte da solução, mas deve ser conjugada a um plano maior de desenvolvimento para a região, que coloque as populações locais como uma das prioridades.

“O fim do desmatamento precisa ser o resultado de um processo amplo e sistêmico que promova o bem-estar das populações que vivem no bioma”, diz Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú e secretária-executiva da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, rede com mais de 500 líderes que atuam em prol da região e uma das organizações responsáveis pelo painel. “Por isso, as agendas social e econômica são tão importantes quanto a ambiental no combate ao desmatamento.”

No entanto, implementar ações que deem conta de uma visão sistêmica para os desafios da Amazônia demanda uma agenda de médio e longo prazos, ainda que o desmatamento tenha de ser barrado imediatamente. “Chegaremos nesse desenvolvimento integrado e sustentável a partir de uma política construída conjuntamente entre os Estados amazônicos, as organizações sociais e o novo governo federal”, afirmou o governador do Pará, Helder Barbalho, durante o evento.

Visão integrada e trabalho colaborativo  

Uma agenda integrada de desenvolvimento para a Amazônia, considerando suas múltiplas diversidades, é a base da proposta que a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia levou para a COP. O documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias” sinaliza a importância do período inicial de mandato para que os governos demonstrem seu comprometimento com a pauta, mas traz recomendações que podem ser aplicadas também em médio e longo prazos.

O documento foi elaborado de forma colaborativa e envolveu cerca de 130 pessoas na construção das propostas em diversas áreas, que vão de Saúde, Educação e Segurança Pública a Ordenamento Territorial, Combate à Fome e Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Para que a conservação da floresta seja duradoura é necessário transformar mentalidades e criar condições para que os brasileiros, principalmente os que vivem nela, conciliem capital natural, qualidade de vida e prosperidade econômica. Por isso a conexão entre desmatamento e os temas que abordamos faz tanto sentido”, afirma Piazzon.

Sobre a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia

É uma rede com mais de 500 líderes criada em 2020 como um espaço democrático de debate para que diversas iniciativas que atuam em prol da região pudessem se encontrar, dialogar e ampliar o impacto de suas ações. Apartidária e plural, a iniciativa reúne representantes dos setores público e privado, academia, sociedade civil e imprensa, que se juntaram para buscar propostas e projetos para a floresta e as pessoas que vivem na região. Saiba mais em: concertacaoamazonia.com.br

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