Botijões de cozinha por R$ 40: Gás a preço justo é ofertado por FUP, CMP, instituições e movimentos sociais em 10 estados e no DF

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2021 – Com o lema “Gás a preço justo, comida no prato e vacina no braço”, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, em parceria com a Central de Movimentos Populares (CMP) e outras organizações sociais, realizaram nesta quinta (29/4) nova ação da campanha “Combustíveis a Preço Justo”. O principal objetivo da campanha é alertar a população sobre como a política de reajustes dos combustíveis adotada pela gestão da Petrobrás em outubro de 2016, baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), afeta não apenas os preços dos derivados, mas também eleva preços em outros setores da economia, como os de alimentos e transportes (veja mais detalhes abaixo).

Jaboatão dos Guararapes, Sindipetro PE-PB/CMP

As mobilizações ocorreram em 11 cidades do país (veja a relação a seguir) e ofertaram botijões de gás de cozinha por valores entre R$ 29 e R$ 50, de acordo com a região, o que equivale a menos da metade do valor médio cobrado por revendedores locais. Além dos botijões, as ações distribuíram cestas de alimentos, máscaras de proteção contra a Covid-19 e itens de higiene para prevenção à pandemia, como álcool gel.

O preço do gás de cozinha tem agravado ainda mais a já delicada situação econômica da população brasileira. Somente nos quatro primeiros meses deste ano, o produto subiu 22,7% nas refinarias da Petrobrás. Nos últimos 12 meses, o botijão teve alta recorde de 18,2% para o consumidor, sendo 10,5% somente no primeiro trimestre deste ano e 4,6% em março.

O reflexo da alta do gás de cozinha abalou o setor de alimentação e bebidas, que encareceu em 14,5% no último ano e 2,2% apenas nos três primeiros meses de 2021.

Rio de Janeiro, Dani Dacorso/FUP

“É cada vez mais comum ver famílias utilizando lenha para cozinhar. E não por escolha, ao contrário do que tentam passar, mas sim por não ter dinheiro para pagar até R$ 120 por um botijão de gás de cozinha. As pessoas têm que escolher entre comer ou comprar gás, isso quando têm o que comer. Tudo isso é resultado da incompetência do governo de Jair Bolsonaro, que não garante vacina para a população, vem deixando 19 milhões de pessoas passando fome, oferece um auxílio emergencial pífio e já registra mais de 400 mil mortos pela Covid-19. E ainda mantém uma política de reajustes de combustíveis que penaliza toda a sociedade brasileira, principalmente os mais pobres”, diz o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

“Bolsonaro é um genocida, sabota medidas de combate à Covid-19 e é o grande responsável pela morte dessas 400 mil pessoas. Além disso, sua política econômica é responsável por milhões de desempregados, e a redução do auxílio emergencial joga o povo na pobreza”, reforça Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP.

DEPOIMENTOS MOSTRAM O SOFRIMENTO COM A SITUAÇÃO DO PAÍS

No Rio de Janeiro, alguns participantes que compraram gás de cozinha a preço justo contaram um pouco suas histórias de vida e as dificuldades que vêm passando com a grave crise econômica do país.

Rio de Janeiro, Dani Dacorso/FUP

“Meu marido faz um bico quando tem. A gente estava pagando 95 reais no gás. Não dá pra pagar conta. Ou come ou paga a conta.”

Michele Neves, moradora do Santo Cristo, vive com o marido e cinco filhos, todos desempregados 

“Moramos na Central do Brasil. A gente tinha alguns pedidos para fazer trabalho para novelas e filmes e estamos simplesmente zerados de pedidos. Estou agradecendo a oportunidade que a gente está tendo aqui agora [de comprar o gás por 40 reais].”

Severina Rodrigues, artesã. Seu marido é artista plástico. Moram com um filho e todos estão desempregados

Rio de Janeiro, Dani Dacorso/FUP

“Na ocupação muitos cozinham à lenha, não têm condição de comprar gás. Pra mim está ainda mais complicado, porque ajudo em um projeto dos moradores de rua. Toda segunda, terça e quarta eu faço café da manhã para eles, no Largo da Carioca. Muitos deixaram de ajudar na pandemia. Eu fico me arrastando, mas não abandono, porque já fui morador de rua, me coloco no lugar deles, de ter a falta de um pão pra comer de manhã. Esse gás está sendo maravilhoso, porque se não fosse esse gás, eu não ia ter como fazer o café da manhã amanhã para eles.”

Wiliam Evangelista já foi morador de rua e hoje vive em uma ocupação no Centro do Rio. Mesmo desempregado, consegue ajudar moradores de rua

SOBRE AS AÇÕES DA CAMPANHA “COMBUSTÍVEL A PREÇO JUSTO”

O objetivo principal das ações é conscientizar a população sobre como a política de preços adotada pela Petrobrás desde outubro de 2016, baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), afeta diretamente a vida de todos. A consequência do aumento dos combustíveis pode ser sentida em outros setores, como o de alimentos. E impacta diretamente toda a cadeia produtiva, pressionando a inflação.

Manaus, Sindipetro AM/CMP

Os preços justos de gasolina, diesel e gás de cozinha que são ofertados nas ações, a depender da localidade onde são feitas, foram definidos a partir de estudos elaborados por técnicos e economistas, levando em consideração os preços e custos da Petrobrás e a garantia de lucratividade de empresas produtoras, distribuidoras e revendedores. O que prova que o consumidor não precisa e não deve pagar essa conta.

A FUP alerta que, enquanto o Preço de Paridade de Importação (PPI) estiver no centro da política de reajustes da Petrobrás para os derivados do petróleo, os preços dos combustíveis vão subir com frequência para o consumidor final.

A forma de cálculo adotada no governo Temer, em outubro de 2016, faz com que os preços do mercado interno acompanhem as cotações do petróleo no mercado internacional, as oscilações do dólar e as importações de derivados. Este cenário deve piorar se a privatização das refinarias da Petrobrás se concretizar, aumentando o desemprego, além de fazer disparar os preços já elevados dos derivados de petróleo.

A campanha “Combustível a Preço Justo” foi realizada em fevereiro do ano passado em diversas cidades do país, durante a histórica greve dos petroleiros, que durou 20 dias – a maior desde 1995. Em 2021, A FUP e seus sindicatos já promoveram ações da campanha em 1º de fevereiro, em apoio à greve dos caminhoneiros, em março, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e também em abril.

LOCAIS, PARCEIROS E OFERTAS DAS AÇÕES REALIZADAS NA QUINTA

– São Paulo, SP (FUP, Sindipetro Unificado São Paulo e CMP)

Cestas básicas, kits de higiene, máscaras de proteção e 50 botijões por R$ 40 cada

– Brasília, DF (FUP, CMP e Infraero)

50 cestas básicas e 50 botijões por R$ 40 cada

– Manaus, AM (FUP, Sindipetro Amazonas e CMP)

50 botijões por R$ 40 cada

– Fortaleza, CE (FUP, Sindipetro Ceará-Piauí e CMP)

60 botijões por R$ 40 cada

– Salvador, BA (FUP, Sindipetro Bahia e CMP)

50 cestas de verduras e 50 botijões a R$ 40 cada

– Belém, PA (FUP, CMP, Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA e Ação da Cidadania)

Frutas, verduras, 200 máscaras de proteção, 100 kits de higiene bucal e 50 botijões por R$ 43 cada

– Rio de Janeiro, RJ (FUP, Sindipetro Norte Fluminense, Sindipetro Caxias, CMP, Mais Amor Menos Capital, Galpão Gamboa, Quilombo da Gamboa e Unegro Caxias)

200 cestas básicas, 200 máscaras de proteção, 200 álcool em gel e 180 botijões por R$ 40 cada

– Palmas, TO (FUP e CMP)

50 cestas básicas, 50 álcool em gel e 50 botijões por R$ 29 cada

– Porto Velho, RO (FUP, CMP e MM Mercados)

200 máscaras de proteção, 200 espátulas de cozinha e 50 botijões de gás, por 50 reais cada

– Ipatinga, MG (FUP e CMP)

50 botijões por R$ 44 cada

– Jaboatão dos Guararapes, PE (FUP, Sindipetro Pernambuco-Paraíba, CMP, MST e Habitat)

153 cestas agroecológicas, máscaras, 100 kits de higiene, 100 álcool em gel, 100 bandejas de ovos, preservativos femininos e masculinos e 75 botijões por R$ 40 cada

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