Reestruturação da Eletrobras coloca em risco sistema elétrico, alertam funcionários

Crise do Sistema Elétrico 

Dezembro, 2016 – O processo de reestruturação da Eletrobras, com foco principal na redução do quadro de funcionários, pode colocar em risco a capacidade técnica-operacional do sistema, alertaram funcionários de empresas do setor elétrico nesta quinta-feira (15) durante audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI).

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Senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Hélio José (PMDB-DF) e Pedro Tabajara Rosário, presidente da Federação Nacional dos Urbanitários. Foto: Pedro França/Agência Senado

A redução de número de empregados e de outros custos faz parte do objetivo da nova gestão da Eletrobras de tornar a companhia sustentável. Em novembro, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, anunciou um programa de demissão incentivada.

As concessionárias de energia de seis estados das regiões Norte e Nordeste (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí) devem ser as primeiras a passar pelo processo de desestatização, o que tende a comprometer um total de 7.500 empregos, segundo dados da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), que congrega sindicatos do setor. De acordo com representantes dos trabalhadores, a ideia da atual gestão é substituir parte dos servidores por terceirizados.

Ao contrário do que aponta a atual gestão, os trabalhadores avaliam que a reestruturação do sistema Eletrobras, representa aumento de tarifas e pior qualidade de serviço.

— O processo de privatização do setor elétrico não trouxe redução tarifaria. O papel da Eletrobras foi dar uma segurada nas tarifas — disse Gustavo Teixeira do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Eles citaram casos de privatizações passadas que não teriam dado certo, como o da Companhia de Eletricidade do Pará (Celpa) em 1998. Segundo Pedro Tabajara Rosário, presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, desde então o consumidor deparou com a disparada das tarifas e a degradação dos serviços.

— No início da privatização da Celpa tínhamos 2700 trabalhadores, hoje são 1500. Por outro lado, o número de terceirizados é de 7500.  É uma das empresas campeãs em acidentes. [Com as novas privatizações], como vai ficar a operação do sistema? Será que vai manter a mesma qualidade?  — questionou

Eles preveem ainda que a privatização de empresas do setor elétrico pode prejudicar a transmissão de energia para áreas pouco lucrativas como pequenos municípios da região Norte:

— O objetivo do sistema não pode ser apenas o lucro. A inciativa privada vai fazer investimentos onde não tem garantia de retorno do seu capital? Fornecer energia para a Região Norte é estratégico para sua ocupação. Dando lucro ou não temos que ter energia — defendeu Edney Martins, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas.

Ausências

As ausências de representantes da Eletrobras, do governo e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram criticadas durante a audiência pública. Segundo eles, o governo se recusa a dialogar com os trabalhadores e com a sociedade civil:

— É um desrespeito muito grande, inclusive com esta Casa — apontou Nailor Gato, da Federação Nacional dos Urbanitários.

O senador Hélio José (PMDB-DF) também lamentou a ausência da Eletrobras no debate. Ele disse esperar que o governo compareça a futuras audiências sobre o tema.

—  Parece-me que as pessoa responsáveis por essas mudanças na Eletrobras estão querendo pegar o caminho de não discussão. Tenho essa preocupação — disse.

Fonte: Agência Senado 

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