Mercado de Trabalho: Ocupação técnica gera mais retorno a trabalhador formal

Outubro, 2021 – Um prêmio salarial entre 21,3% e 24,9% para os trabalhadores em ocupação técnica no Brasil foi evidenciado em 2007, enquanto para a geração jovem – 18 anos e com ensino médio completo, perfil exigido para uma ocupação técnica, o retorno ficou entre 5,8% e 7,8%, diferentemente de 2014, quando os dados cross-section revelaram a inexistência desse prêmio salarial para a geração jovem. O estudo ‘Retorno da Educação Técnica no Brasil: Um Estudo em Painel e Cross-section entre 2007 e 2018’ que mostra esses resultados foi apresentado nesta quarta-feira (29/9), durante webinar realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para estimar o retorno da educação técnica no Brasil entre 2007 e 2018, considerando as variáveis escolaridade, idade, tamanho da firma, setor econômico e tempo no emprego, os pesquisadores lançaram mão do registro administrativo do mercado de trabalho formal, a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), e construíram um painel com todos os trabalhadores formais de 2007, seguindo-os até 2018. A identificação dos trabalhadores foi feita com base na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Previdência. O estudo utilizou também duas versões da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre educação técnica, em 2007 e 2014.

A análise foi elaborada por pesquisadores da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan-DF) que se debruçaram sobre uma questão central: os trabalhadores em ocupações técnicas ou com educação técnica recebem melhor remuneração do que os demais? O chefe de gabinete da estatal, Thiago Mendes Rosa, respondeu afirmativamente ao apresentar o estudo junto com o técnico da Gerência de Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan-DF, Luiz Rubens Câmara de Araújo. O pesquisador do Ipea Bruno de Oliveira Cruz, foi diretor da Codeplan-DF à época da realização do estudo, também é coautor da análise que esteve em pauta no webinar.

“Os resultados revelam que as gerações jovens são mais afetadas de formas distintas ao longo do tempo e, no geral, foram consistentes após mudar algumas técnicas como matching e retorno aleatório”, disse Rosa, que é doutor em economia pela Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, levando em conta os benefícios encontrados, a educação técnica torna-se custo-efetiva caso demande até R$ 8.595,10 por mês, a uma taxa de desconto de 6% ao ano.

O pesquisador do Ipea Carlos Henrique Corseuil atuou como debatedor apresentando suas observações em duas partes: uma sobre o que pode ser feito além do trabalho apresentado e outra abordando o estudo realizado pelos palestrantes convidados. “O trabalho tem um valor imenso e muito potencial, e a RAIS não tem as restrições que a pesquisa domiciliar apresenta, abrindo uma avenida de possibilidades”, disse, ao destacar que a análise de custo-benefício foi fundamental e uma grande contribuição ao debate

Fonte: IPEA

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