O futuro do trabalho é no canteiro de obras

Consultor nas áreas de Planejamento Estratégico, Inovação e Gestão de Pessoas explica por que a construção civil será um refúgio seguro para a geração de emprego na era da automação e da inteligência artificial

O fantasma da automação tecnológica e da Inteligência Artificial ronda escritórios e linhas de produção, sinalizando um cenário preocupante: o desaparecimento, no curto e no médio prazo, de inúmeras profissões administrativas, repetitivas e que não demandam análises estratégicas complexas.

Um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford demonstra que cerca de 50% das ocupações que existem no Brasil podem desaparecer nas próximas duas décadas. Neste cenário, um setor surge como porto seguro para o futuro profissional: a construção civil.

Novembro, 2025 – Enquanto intérpretes, analistas estatísticos, operadores de telemarketing e auxiliares administrativos enfrentam risco altíssimo de substituição pela automação tecnológica, os trabalhadores da construção civil — pedreiros, encanadores, eletricistas, pintores, azulejistas e marceneiros — aparecem na escala de menor vulnerabilidade tecnológica no contexto do desemprego estrutural (que ocorre quando uma profissão é substituída por conta de aprimoramentos tecnológicos).

De acordo com o presidente do Instituto Profissão Construir, Carlos Lopes, muitas habilidades manuais finas, que exigem destreza e flexibilidade motora, não podem ser replicadas pela inteligência artificial, que tampouco vai superar a experiência adquirida ao longo de anos de trabalho no canteiro de obras.

“Robôs e sistemas de Inteligência Artificial vêm dominando os processos industriais em várias áreas, mas, no canteiro de obras, essas tecnologias encontram dificuldades devido à natureza das atividades, à complexidade das tarefas e ao ambiente dinâmico e imprevisível”, explica Carlos, que também é engenheiro civil e diretor de uma construtora em Joinville.

A conclusão é clara e contundente: enquanto profissões de escritório podem desaparecer sob o avanço da IA, os trabalhadores da construção civil vão manter uma sólida perspectiva de empregabilidade. Ou seja, especializar-se em funções operacionais é uma estratégia de carreira inteligente para as próximas décadas.

Por que a construção civil está imune?

A aparente “resistência” da construção civil à robotização completa não é um acaso, mas sim uma característica intrínseca do setor e de suas tarefas.

De acordo com o professor doutor Sérgio Czajkowski Júnior, docente dos cursos de graduação e pós-graduação do UniCuritiba e da UniSociesc — instituições que fazem parte do Ecossistema Ânima de Educação, os pedreiros e outros profissionais da construção civil, por conta das exigências técnicas dessas ocupações, possuem um baixíssimo risco de automação, variando entre 0,04 e 0,07 em uma escala de 0 a 1.

Consultor e mentor nas áreas de Planejamento Estratégico, Inovação e Gestão de Pessoas, ele diz que habilidades motoras complexas, percepção tridimensional, resolução de problemas em tempo real e capacidade de interagir com o ambiente de forma adaptativa continuarão sendo qualidades essencialmente humanas.

“Empatia, julgamento, criatividade e capacidade de improvisação no canteiro são atributos insubstituíveis e competências cada vez mais necessárias no mundo globalizado contemporâneo e em cenários com crescentes padrões de exigência”, analisa o especialista.

Empregabilidade em alta

Em 2024, a indústria da construção civil brasileira criou 110.921 novos empregos com carteira assinada, um sinal claro de expansão. Em cinco anos, o número de trabalhadores no setor aumentou quase 40%.

Longe de ser um setor em declínio, a construção civil brasileira demonstra vitalidade e crescimento contínuo, impulsionada pelo aquecimento do mercado imobiliário e por investimentos em infraestrutura. Os números demonstram o tamanho do mercado e o potencial de carreira para os jovens que estão ingressando agora no mercado de trabalho.

Para quem está decidindo seu futuro profissional, a mensagem da presidente do SINDUSCON Joinville, Ana Rita Vieira, é clara: ingressar agora na construção civil é como receber um “bilhete de ouro” para um futuro profissional estável e promissor. “A necessidade de trabalhadores qualificados é tão grande que as oportunidades de ascensão e remuneração se multiplicam.”.

Arquiteta e diretora de uma construtora em Joinville, ela diz que, em um cenário onde a automação avança em diversas frentes, a diferenciação entre um trabalhador comum e um trabalhador com formação no canteiro de obras é a chave para o sucesso.

“A indústria da construção civil está migrando para processos cada vez mais modernos, adotando novas tecnologias e materiais que exigem um nível técnico mais elevado. Isso significa que há uma demanda crescente por profissionais capazes de trabalhar com precisão, eficiência e segurança, desde a fundação até o acabamento”, diz Ana Rita.

O que é o Profissão Construir?

O novo contexto do futuro das profissões torna indispensáveis os programas de capacitação técnica e formação de mão de obra. Como resposta à necessidade de qualificação dos profissionais da construção civil, o SINDUSCON Joinville lançou, em 2023, o Profissão Construir.

O programa oferece um modelo de treinamento gratuito e abrangente, focado nas habilidades técnicas mais demandadas nos canteiros de obras — desde pedreiros e armadores até instaladores hidráulicos, eletricistas e pintores, incluindo profissionais com conhecimento em métodos construtivos como reboco projetado e light steel frame.

Através de cursos práticos e voltados para a realidade do setor, o Profissão Construir prepara os alunos para os desafios concretos da profissão. “Para os jovens que hoje se preocupam com o mercado de trabalho, a construção civil representa uma garantia de futuro. É um setor em crescimento constante, que oferece estabilidade e ascensão profissional para aqueles que se qualificam”, finaliza Carlos Lopes, presidente do Instituto.

Para saber mais sobre o Profissão Construir e os cursos em andamento, acesse https://profissaoconstruir.org.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *