Integração moradia e trabalho é a solução para crise habitacional brasileira proposta pelo urbanista equatoriano radicado nos EUA

Outubro, 2017 – Prof. Felipe Correa cria modelo de desenvolvimento urbano e arquitetônico que integra moradias ao trabalho. No Rio de Janeiro, na cidade de Nova Iguaçu, o arquiteto acaba de finalizar o projeto de uso misto, onde apenas a primeira fase contará com 11 mil unidades habitacionais e centro comercial que integrará mais de 20 mil profissionais. Segundo o urbanista, a solução foi pesquisada em 78 países e integrado as melhores práticas de países em desenvolvimento de quatro continentes.

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A oferta de financiamento para habitação popular desabou e três fatores simultâneos contribuíram para isso: a escassez do FGTS, a suspensão de aportes do tesouro e as novas regras mais rigorosas de gestão de capital (Basileia III).

O corte foi sentido em Setembro com a edição da Instrução Normativa 32 do Ministério das Cidades, de agosto, e tende comprometer o setor de construção em 2017 e 2018. O programa Minha Casa Minha Vida, criado em 2009, que oferta financiamento habitacional com subsídios e juros reduzidos aparenta entrar no final de ciclo.

Neste sentido, alternativas de financiamento estão sendo ofertadas por bancos privados, que atendem a classe média, mas que não são viáveis para o segmento popular. Vários municípios já sentiram essa queda e propõem alternativas, como o Aluguel social

Dois milhões de novas famílias por ano

Dados do IBGE apontam que dois milhões de novas famílias são formadas por ano, mas a oferta do Minha Casa Minha Vida será de apenas 350.000 em 2017, menos de 20% da demanda. Para 2018, a tendência é a redução de crédito da CEF e da oferta de imóveis novos em todas as faixas de financiamento. O déficit habitacional anual de novas moradias acelera, cada vez mais, o crescimento de favelas.

Com estudos iniciados em 2013 no Rio Grande de Sul, o Prof. Felipe Correa, sócio da Somatic Collaborative e professor na Harvard Graduate School of Design, criou um modelo de desenvolvimento urbano e arquitetônico que integra moradias ao trabalho. A solução foi pesquisada em 78 países e integrado as melhores práticas de países em desenvolvimento dos quatro continentes, exceto África. O ponto principal, segundo Prof. Felipe Correa, é o foco em locação e geração de empregos através da economia compartilhada, isentando o governo da obrigatoriedade de subsidio.

Ainda segundo Correa, a geração descentralizada de emprego, facilitada pela arquitetura e serviços inovadores, aumentam a produtividade dos moradores e trabalhadores, possibilitando retorno financeiro interessante para investidores privados.

O estudo foi financiado pela incorporadora brasileira LandInvest S/A que criou em 2015 um fundo internacional de investimentos chamado SUD Fund, Self-Sustaining Urban Development.

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O primeiro empreendimento que utiliza o conceito fica em Natal, onde 10 mil empregos serão gerados por um centro comercial especializado em confecções, calçados e acessórios de baixo custo. O centro comercial garantirá emprego para as 700 famílias que poderão alugar micro-apartamentos mobiliados a serem construídos no mesmo local.

Desde o final de 2016, a Harvard GSD liderada pelo Prof. Correa iniciou estudos na cidade de São Paulo, para identificação de áreas públicas e privadas onde projetos mistos que integram moradia e trabalho poderão ser construídos por meio de PPPs, reduzindo desta forma a necessidade de uso de transporte público.

“Projetos que integram moradia e trabalho situados na malha de trens existente poderão reduzir o número de pessoas que precisam de transporte nas horas de pico. O impacto será o mesmo que aumentar a oferta de transporte, além de melhorar muito a qualidade de vida dos moradores que trabalham no mesmo local. Estas “microcentralidades” poderão ofertar serviços e produtos para região, reduzindo a necessidade de transporte de bairros adjacentes, afirma o professor da Harvard Graduate School of Design.

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No Rio de Janeiro, na cidade de Nova Iguaçu, o arquiteto acaba de finalizar o projeto de uso misto, onde apenas a primeira fase conta com 11.000 unidades habitacionais e centro comercial que integrará mais de 20.000 profissionais.

Felipe Correa é arquiteto e urbanista sediado em Nova Iorque. Atualmente é professor e diretor do curso de Design Urbano na Graduate Shool of Design da Universidade de Havard. Entre seus livros inclui a publicação Beyond the City: Resource Extraction Urbanism in South America (University of Texas Press, 2016). Também é Co-fundador da Somatic Collaborative, que desenvolve projetos baseados em investigação, concentrado numa abordagem trans-scalar à arquitetura e urbanismo.

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